Decisão política encerra financiamento de livros didáticos com IA e deixa editoras em crise após investimentos milionários
A Assembleia Nacional da Coreia do Sul aprovou em 4 de agosto de 2025 uma lei que remove o status legal dos livros didáticos digitais com inteligência artificial, encerrando abruptamente um dos principais projetos educacionais da administração anterior do ex-presidente do país,Yoon Suk Yeol.
Dessa forma, reclassifica os materiais com IA como simples “softwares de apoio ao aprendizado”, retirando sua condição de livros didáticos oficiais.
A nova legislação, aprovada pelo Partido Democrático da Coreia (no poder), restringe a definição legal de livros didáticos apenas a materiais impressos e e-books convencionais.
Com isso, escolas perdem imediatamente o suporte financeiro para usar tecnologias educacionais inteligentes, deixando milhares de instituições sem recursos para manter os programas já implementados.
O projeto de livros didáticos com IA foi lançado como iniciativa revolucionária para oferecer experiências de aprendizado personalizadas usando algoritmos avançados.
Em 2024, o governo destinou pelo menos 533,3 bilhões de wons (cerca de R$ 2,1 bilhões) ao programa, que foi testado no primeiro semestre de 2025 em disciplinas como matemática, inglês e ciências da computação.
Apesar do investimento, a iniciativa enfrentou resistência de educadores e pais, que criticaram a implementação sem preparação adequada. A taxa de adoção nas escolas permaneceu em torno de 30%, forçando o Ministério da Educação a abandonar a implementação obrigatória em favor de um modelo voluntário.
A decisão parlamentar agora coloca as editoras em situação delicada. Empresas que investiram pesado no desenvolvimento de tecnologias educacionais — estimativa total de 800 bilhões de wons (R$ 3,2 bilhões) — enfrentam demissões e reestruturações.
Várias companhias já entraram com ações judiciais contra o Ministério da Educação em abril, alegando prejuízos devido às mudanças de política.
Em resposta à crise, o governo sul-coreano anunciou medidas provisórias para orientar as instituições durante o segundo semestre, a suspensão do processo de avaliação de novos materiais e diálogo com autoridades regionais para diminuir transtornos na volta às aulas.
Ainda assim, o futuro da educação tecnológica e do setor editorial no país segue incerto enquanto se redefine o papel da inteligência artificial nas salas de aula.
Crédito da imagem em destaque: Reprodução/The Korea Herald