O número de servidores públicos com autorização para trabalhos paralelos mais que dobrou entre 2020 e 2024, refletindo as pressões econômicas sobre o funcionalismo coreano
A busca por estabilidade financeira está levando milhares de servidores públicos sul-coreanos a uma jornada dupla. Entre 2020 e 2024, o número de funcionários autorizados a exercer atividades extras saltou de 2,4 mil para quase 5 mil, segundo dados do Ministério de Gestão de Pessoal.
O dado chama atenção porque representa uma mudança de mentalidade no setor público — historicamente associado à segurança e prestígio social. Hoje, no entanto, salários estagnados e o aumento do custo de vida vêm forçando muitos a recorrer a alternativas como arrendamento de imóveis e criação de conteúdo digital.
As transmissões em plataformas como o YouTube deixaram de ser um passatempo e viraram complemento de renda. A quantidade de servidores com permissão para atividades online cresceu quase cinco vezes em quatro anos. O mesmo aconteceu com o mercado imobiliário, que passou de um nicho restrito a uma das principais fontes de renda paralela.
Apesar da flexibilização gradual, a maioria dos servidores continua submetida a restrições rígidas. Todo trabalho externo precisa de aprovação oficial e não pode interferir nas funções públicas. Mesmo assim, o número de sanções por atividades não autorizadas também cresceu, indo de 14 para 60 casos.
O contraste entre o setor público e o privado explica parte desse movimento. Um servidor iniciante de 9º grau recebe cerca de 2 milhões de wons mensais (R$ 7,4 mil) — menos que o salário mínimo nacional —, enquanto a média em grandes empresas ultrapassa 6 milhões de wons (R$ 22 mil).
Em meio à desigualdade, o governo tenta reagir. O aumento de 3,5% nos salários previsto para 2026, o maior em quase uma década, busca conter o descontentamento crescente.
Ainda assim, como destacou o deputado Wi Seong-gon, que analisou os dados, “os servidores públicos precisam se adaptar à nova realidade econômica — mas sem perder o compromisso com a confiança pública”.
Crédito da imagem em destaque: Reprodução/Newsis
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